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quarta-feira, 27 de agosto de 2014

A FORÇA DO DESTINO E A VONTADE DE DEUS de Paulo konder Bornhausen



A FORÇA DO DESTINO E A VONTADE DE DEUS

Desastres aéreos que marcaram minha vida pública.

      O trágico desastre que roubou a vida do jovem homem público, Eduardo Campos, me fez voltar o pensamento para outros fatos que decorreram com acidentes aéreos e marcaram minha vida como homem público

         Estávamos em 1950, quando meu pai, Irineu Bornhausen, que em 1947 fora derrotado pelo Dr. Aderbal Ramos da Silva, candidatou-se uma vez mais a Governador. Desta feita enfrentando nas urnas o Sr. Celso Ramos. A campanha a época não tinha as sofisticações de hoje. Os votos eram cédulas impressas com o nome dos candidatos, as propagandas eram pintadas nos muros e pedras, os “santinhos” impressos em preto e branco, e não havia a TV. As duas rádios e jornais principais a “Diário da Manhã” de meu pai e a “Guarujá” do Dr. Aderbal, o jornal “Diário da Manhã” também de meu pai e o “Estado” igualmente do Dr. Aderbal. Eram, embora houvesse rádios e jornais no interior, os principais formadores de opinião. Os candidatos faziam comícios nos Municípios e Distritos, sempre muito concorridos. A figura do cabo eleitoral era profissionalizada, as claras.

         Não existiam, portanto, programas eleitorais gratuitos (que custam milhões de reais) nem a figura do marqueteiro (que custam outros milhões). Os deslocamentos dos candidatos eram quase sempre feitos por automóveis da categoria da época, que percorriam as estradas todas de barro, muitas vezes puxados a trator, quando atingidos por temporais. Era uma poeira constante nos dias de sol, insuportável. Os carros não tinham ar refrigerado, nem a segurança dos nossos dias e a aparelhagem eletrônica que hoje dispõem. Furar pneus era constante, como  era também a fervura do radiador, que obrigava as paradas contínuas para colocar água. Fora esse precário meio de transporte, não poucas vezes os candidatos andavam de carroças puxadas a cavalo. Avião, só monomotor, em que a hélice era virada pelas mãos dos mecânicos.

         Pois bem, para realizar seu último comício em Araranguá, Irineu utilizou o avião do Juiz Nilton Varela que ele mesmo pilotava. Na aterrissagem o avião ao bater na pista capotou e meu pai foi jogado para fora dele, que ficou todo destroçado. Felizmente, apenas duas costelas foram fraturadas. Escapou da morte e foi internado no Hospital de Caridade, onde se restabeleceu para tomar posse, pois foi vitorioso com margem sugestiva de votos. A hélice deste avião, que era de madeira, foi dada a ele como um relógio, pelo Varella e mais tarde consumida pelo incêndio que destruiu por completo sua casa em Cabeçudas, depois da sua morte.

         Outro desastre lastimável foi com um avião da Cruzeiro, em que faleceram o Senador Nereu Ramos, político notável, que chegou a Presidência da República, o então Governador Jorge Lacerda, talentoso, que eleito não completou mais que dois anos de Governo e o Deputado Leoberto Leal, provável candidato do PSD ao Governo do Estado em 1960, e tantas outras pessoas. A repercussão da tragédia alterou os rumos políticos do Estado, assumindo o cargo o Vice-Governador Heriberto Hulse, do qual fui Secretário de Justiça.

         Destes dois acidentes, um deles com vítimas fatais até hoje, marcaram minha passagem pela pública e foram descritos nos livros que escrevi.

         Outros tantos acidentes, sem maiores conseqüências, me ocorreram nas funções públicas que exerci. O mais grave dentre eles foi, quando por falta de teto nos aeroportos de Itajaí, Florianópolis e Porto Alegre, tive eu, com mais dois amigos já falecidos, os saudosos Helio Guerreiro e Laércio Gomes, fazer uma aterrissagem de emergência, pela falta de combustível, em um pasto em Imbituba, tendo o avião feito um “cavalo de pau”. Fomos socorridos por populares. Ninguém se machucou. Eu era na época Presidente da COBEC Cia Brasileira de Entrepostos Aduaneiros, formada por 60 Bancos que operavam em Cambio na época. A primeira “Trading Company” brasileira a operar na Bolsa de Chicago, nos Estados Unidos. O piloto Calefe veio a falecer em outro desastre, em que tirou a vida do Secretário Dieter Schmidt no Governo Jorge Bornhausen.

         Na realidade em todo o Brasil nesses anos da nova Republica, ocorreram muitos acidentes aéreos, alguns com vítimas fatais. Neste período eleitoral, alguns foram causados pela “necessidade” dos candidatos de cumprirem seus programas pré-estabelecidos, correndo riscos demasiados.
                                                                                                                          PKB

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