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quarta-feira, 26 de junho de 2013

Amor a vida, sonhos e planos. de Paulo Konder Bornhausen.


Amor a vida, sonhos e planos.

Paulo Konder Bornhausen.

A simbologia dos sonhos a que me refiro é aquele que pretendemos realizar e, portanto o fazemos acordados.
Eu não consigo entender a mim mesmo.
O que poderia sentir e planejar aos 83 anos de vida? E que vida!
Tive uma infância adorável, com meus irmãos e meus pais. Para mim, inigualável.

Se, guardo alguma má recordação, foi o castigo que meu pai me impôs, colocando-me no Internato durante três anos. É verdade que mereci. Por isso não discuto as razões que o levaram fazê-lo. Afinal, talvez tenha sido a minha “salvação” para poder ser tudo o que sou e o que já fiz nesta vida, o que nunca deixei de ressaltar.

A minha mocidade vivi no Rio de Janeiro dos “anos dourados”, com as férias passando na querida e inesquecível Praia de Cabeçudas. Foi tão boa, que me é difícil afirmar o que de melhor me ocorreu.
Casei com o amor da minha vida, que tantas felicidades me proporcionou e que tem sido uma companheira admirável na nossa velhice. Tenho dois filhos e cinco netos, que amo muito. Dois irmãos, aos quais sou intimamente unido, que são brilhantes e solidários. Tirei a “Mega Sena” com a nora e o genro. Minhas cunhadas amigas encantadoras. Meus sobrinhos queridos, todos saudáveis e com vida.
Estou bem, graças ao bom Deus, pelo menos assim penso, com a mente sã e o físico compatível com a longevidade que o Senhor me concedeu.
Em que pese às restrições afeitas a um octogenário, para mim, uma das maiores dores é a perda dos parentes e de quase todos os amigos da minha geração, que me traz vez por outra, momentos de solidão e profunda tristeza.
Indago-me, porque depois disto tudo que discorri, ainda tenho sonhos e planos para o futuro?
Deus me deu tudo ou quase tudo, pelo menos muito mais do que eu merecia ou fiz por merecer. Entretanto, por incrível que possa parecer, tenho sim sonhos e planos que espero realizá-los.
Não parece crível, mas é verdade.
            Possuo esperança de manter-me por mais alguns anos com forças mentais e físicas para poder continuar trabalhando e ter minhas horas de lazer.
Tenho vontade de fazer novas viagens em que pese, tenha feito mais de cento e cinqüenta aproximadamente, por esse mundo a fora, grande parte pelas funções que exerci. Principalmente o grande número delas feitas, quando Diretor do Banco do Brasil, pois como responsável pelas Agências do Exterior, instalei e inaugurei, as de Hamburgo, Nova York, S. Francisco da Califórnia, México, Panamá, La Paz, Rotterdam, Londres, Paris, Lisboa e Tóquio. Em seguida, na Cobec, a primeira “Trading Company” brasileira, instalei os escritórios e os entrepostos aduaneiros em Nova York, Panamá, Caracas, Buenos Ayres, Rotterdam, Hamburgo, Londres, Paris, Havre, Madrid, Ilha das Canárias e nas principais capitais do nosso país, do qual não conheço somente o Amapá. Foi a Cobec, formada por sessenta Bancos, que na época operavam em câmbio, a primeira empresa brasileira a operar “commodities” na Bolsa de Chicago.
Porém, no meu mapa mundo dos meus sonhos, não estão incluídos a Azia, a África e a Oceania.
No Brasil, penso em voltar ao Rio, terra que amo, onde nasci e morei mais de cinqüenta anos e por mais que possa ser inacreditável, não a revejo há mais de vinte longos anos.
Tenho vontade de voltar a Punta Del Este onde passei minha lua de mel e onde vou duas ou três vezes por ano. Neste ano de 2013, estive lá por duas vezes.
Tenho desejo de morar o resto de minha vida na Praia de Jurerê, onde passei uma temporada de um ano, caminhando e nadando em suas águas mansas e de temperatura agradável.
Mas, o maior dos sonhos e não são planos, é morrer, assim como se apaga uma luz, sem a ninguém incomodar, e deixar minha amada mulher, os adoráveis, filhos, netos e parentes, saudáveis, de bem com a vida e com Deus.
Creio que não sou uma exceção, mas tenho a convicção que poucos tiveram esse privilégio que a bondade divina me agraciou.
Chego finalmente à conclusão de que a criatura humana é insaciável. Quer sempre mais do que foi, do que é, do que tem e muito mais do que merece. Por isso Deus nos fez, nos deu a vida e dela vai dispor segundo Sua soberana vontade, ainda que nenhum de nós desejemos.
Tudo isso é um grande sonho que realizo acordado.
No meu caso, homem de 83 anos é um sonho de quem não tem vergonha de contá-lo, de acreditar e dizer que mesmo sendo realmente um privilegiado, tenho planos para o futuro.
Eu, neste ponto ouso contrariar o nosso imortal Manuel Bandeira que dizia “Quem não estiver contente com o presente, faça como eu, que vivo das saudades do passado”.
Eu, no entanto, penso diferente: Amo a vida, estou satisfeito com o presente, tenho saudades do passado, mas tenho sonhos e planos para o futuro.
No mais, cabe a Deus decidir.




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