Mesmo modesta, a nossa estrela, embora considerada a meio do “período de vida calma”, vive de forma bem atribulada: parecendo uma gigantesca bola de gás incandescente, envolvida por plumas (protuberâncias) com configurações geralmente encurvadas por intensos campos magnéticos gerados por correntes de matéria nas camadas exteriores, o Sol mostra pontos escuros (manchas solares) irregulares, também eles resultantes dos efeitos magnéticos que “bloqueiam” a luz visível.
Telescópios (instalados em terra ou em satélites artificiais) protegidos com filtros especiais conseguem atenuar a intensidade da luz solar e ver nitidamente contornos e sombreados em voltas das manchas e, com grandes ampliações, uma espécie de “bagos de arroz” (grânulos) que correspondem a “células de convecção”, ou seja, a matéria em circulação, à semelhança do que se pode observar num recipiente com água a ferver. De toda esta complexidade, resultam erupções que, vistas no limbo do Sol, formam estruturas suspensas por tempos determinados pela gravidade solar e, essencialmente, pelos campos magnéticos que as sustentam até as suas variações provocarem a queda ou fragmentação violenta de toda a matéria lançada no espaço vizinho do Sol. Partículas e radiações são lançadas no espaço, podem alcançar a Terra, interferir com o funcionamento e com a estabilidade dos satélites artificiais, alterar o estado da atmosfera terrestre (em particular nas regiões próximas dos polos) e produzir auroras polares. Abaixo da camada mais externa do Sol (a cromosfera) situa-se a fotosfera, região de onde é emitida a energia que nos chega e que é considerada como “a superfície do Sol”.
Em direção ao centro do Sol, os 540 mil quilómetros seguintes correspondem à “zona radiativa”, através da qual a energia produzida na parte central gasta milhares de anos a transferir-se para a superfície.
Finalmente, alcança-se o núcleo, onde a temperatura é próxima de 14 milhões de kelvin (para valores tão elevados, kelvin é idêntico a graus Celsius), a necessária para manter a taxa de fusões nucleares da mistura de átomos de hidrogénio com algum hélio. De tal fenómeno resulta a energia que inicia a lenta e longa caminhada para o exterior e, simultaneamente, são produzidos os enigmáticos neutrinos que, viajando sem interferências pelo caminho, alcançam a Terra milhares de anos antes da sua gémea energia, criando-nos a esperança de que, quando soubermos interpretar a mensagem que nos trazem das profundezas da nossa estrela, saberemos calcular rigorosamente que energia estava a ser gerada quando eles de lá partiram (um pouco mais de oito minutos antes) e, daí, deduzir a que nos chegará uns milhares de anos depois.
O dia do Sol, comemorado a 3 de maio, servirá para – em muitos locais do mundo – se evocar a complexidade de uma estrela modesta e compreender a sua vida complexa e o seu altruísmo na manutenção de condições de vida no espaço à sua volta. O Centro Ciência Viva de Constância (http://constancia.cienciaviva.pt; info@constancia.cienciaviva.pt) abre as portas do seu observatório solar para observação de manchas e erupções e análise da composição do Sol e, simultaneamente, promove atividades relacionadas com energia solar, nos dias 3, 4, 5 e 6 de maio.
O céu de maio
Após meses de visibilidade no céu do início das noites, Júpiter saiu de cena e em breve vai ser “apanhado” pelo Sol, ou seja, vai colocar-se em “conjunção”, termo utilizado pelos astrónomos para referir que o planeta se situa “do outro lado do Sol”. Vénus, que se prepara para deixar a constelação do Touro em direção à dos Gémeos, Marte, que continua no Leão, e Saturno, que demorará muitos meses a percorrer toda a região do céu correspondente à Virgem, marcam o plano do sistema solar e a faixa do céu designada por “zodíaco”. Na parte central dessa faixa, situa-se a eclíptica, linha imaginária definida pelo plano da órbita da Terra e que constitui o caminho por onde – aparentemente – o Sol se desloca ao longo do ano, no seu passeio pelas doze constelações zodiacais.
A Lua, cujo plano orbital apresenta uma ligeira inclinação (cerca de cinco graus) relativamente à órbita da Terra, desloca-se sempre muito perto da eclíptica – um pouco acima ou abaixo dela –, cruzando-a em dois pontos designados por “nodos”. Quatro vezes por ano, em geral, a Lua passa pelos nodos, duas vezes na fase de Lua Cheia e duas na fase de Lua Nova. Na primeira circunstância, ocorrem os eclipses lunares; na segunda, verificam-se os eclipses do Sol, sendo um destes últimos fenómenos que será visível numa vasta região próxima do polo sul, na passagem de 20 para 21 deste mês de maio. Depois disso, a Lua deslocar-se-á a sul da eclíptica, razão por que passará ligeiramente abaixo (a sul) de Vénus (no dia 23), um pouco a sul de Marte (dia 28) e igualmente abaixo de Saturno, no último dia do mês.
No que respeita às constelações visíveis nesta ocasião do ano, Orionte já se encontra parcialmente mergulhado no horizonte, a Oeste, por volta das vinte e uma horas, enquanto a Este se avista a Balança no mesmo momento e surgirão pouco depois as primeiras estrelas do Escorpião. No lado norte, a Ursa Maior ocupa então a região mais alta da esfera celeste e, pelo contrário, a Cassiopeia está a rasar o horizonte.
Como sempre, a estrela Polar mantém-se fixa, girando todo o céu à sua volta – da direita para a esquerda de um observador voltado para Norte – de este para oeste, em consequência da rotação que a Terra executa em sentido contrário, ou seja, de oeste para este.
fonte superinteressate
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