Economicamente vivíamos os terríveis reflexos da crise de 1929, que abalou sem exceções, os países de todo o planeta.
Politicamente, por sua vez, pairavam dúvidas sobre a extensão das conseqüências do golpe de estado que derrubou da Presidência Washington Luiz, gerando conflitos dos mais diversos sem que se divisasse o futuro das instituições brasileiras a curto e médio prazo.
Desenvolvia-se uma radical disputa entre posições ideologicamente antagônicos-capitalismo e comunismo, praticamente em todo o mundo.
Quanto aos regimes de Estado, prevaleciam os reinados, ditaduras e a democracia que efetivamente só encontrara estabilidade, na acepção da palavra nos Estados Unidos da América do Norte.
Neste clima, os golpes de estado eram rotineiros e já no inicio do século surgiram os movimentos radicais da chamada direita - o nazismo e o fascismo, que invadiu a Europa, a Alemanha e a Itália, e se alastrou pelo mundo inteiro, até mesmo no nosso país com o “integralismo” de Plínio Salgado que teve adesão consistente na elite e intelectuais.
Com essas considerações meramente introdutórias o que desejo abordar é a crise presente que foi deflagrada nos Estados Unidos em 2008, contaminando de maneira desastrosa a zona do Euro e atingindo todas as nações do mundo.
Hoje não existe mais o conflito de esquerda e direita. O comunismo praticamente desapareceu com a implosão da União Soviética e conta-se nos dedos os países que o adotam, mas que recentemente vem suavizando, pelo menos no setor econômico com medidas tipicamente capitalistas.
Hoje, o grande problema surgido após a crise de 2008 é da forma com que o mundo como um todo vai recuperar-se econômica e financeiramente. Na zona do Euro, no Continente Europeu, reside o ápice das conseqüências que ela desencadeou e surgiu um falso dilema da forma de iniciar a recuperação que poderá levar uma década. Uma corrente favorável a um rígido regime, que denominou-se de austeridade fiscal e a outra que defende o crescimento pelo investimento e desenvolvimento econômico. Afirmo que trata-se de um dilema falso, pois para intentar-se a recuperação econômico-financeira e conseqüentemente social, as duas são necessárias a se fundirem. Em outras palavras há que se aplicar medidas duras quanto aos gastos governamentais, porém em grau que não empeçam o crescimento e desenvolvimento das nações. O crescimento é indispensável porque pressupõe investimentos da Infra-estrutura que gera riqueza e reforça o desenvolvimento industrial, conseqüentemente com benefícios nas principais áreas que afligem a maioria dos paises; emprego, saúde, educação, segurança e combate a miséria.
Tudo se resume na forma de obter-se essa harmonia entre a austeridade fiscal e o crescimento.
Aquela tem que prever a redução do custeio, as despesas públicas, reformas do sistema previdenciário, tributário e mesmo eleitoral. Já o crescimento só será possível com a participação dos organismos financiadores dirigidos a geração de riquezas.
Se há necessidade de amparar o sistema bancário principalmente na zona do Euro, deve-se encontrar a forma de fazê-lo.
Quanto aos males que a crise criou não vão ser mais rapidamente resolvidos, pelo que fizeram as autoridades tributárias de nosso país, escancarando o crédito, criando isenções de IPI em setores pontuais que trarão danosas conseqüências para a já endividada família brasileira, estimulando o consumismo que trará inevitavelmente o aumento da inadimplência e provavelmente com reflexos inflacionários, o que já está sendo constatado pela queda crescente do nosso PIB, que em 2012 será menor do que 2011. A taxação o IOF sobre as transações estrangeiras foram equivocadas. Certo seria a taxação nos investimento especulativos, nas viagens ao exterior, mas não abranger aos investimentos na Infra-estrutura, na Indústria, aumentando a cada vez menor a nossa produtividade e competitividade.
Há que se mudar a política monetária urgentemente e o governo ao em vez de fixar-se no consumismo avassalador, investir nas fontes geradoras, crescimento sócio-econômico, ao mesmo tempo realizar a reforma previdenciária, tributaria e política.
Reduzir o custo Brasil, alicerçado no aumento progressivo da maquina publica, reduzindo os impostos e ampliando a saudável assistência social com reciprocidade, sem fazê-la somente com cunho eleitoral.
Hoje com 82 anos de idade, vejo que os equívocos são parecidos a década 30, com o agravamento que a corrupção tomou conta do governo, da sociedade, gerando a atual e vergonhosa impunidade. Fico triste, desanimado pelos que vão herdar as nossas futuras gerações.
Paulo Konder Bornhausen.
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